dimanche 2 mai 2010

Pedalar

Pedalo na possibilidade corporal. Impulso do meu ser no mundo flutuante. Você sabe, o mundo flutua. E a bicicleta é o que dá o poder de chegar mais perto dos pássaros.
Duas rodas, um quadro, guidão, banco, pneu... Borrachas que deslizavam em formato cíclico, e tinham que ser cheias de ar em algum posto pela cidade. Demorei, mas aprendi. Para calibrar talvez 30, 35, 28... É, ainda não aprendi bem. Não obstante, sei que quando saía a pedalar sentia ainda mais leve e veloz. Os sons iam comigo, às vezes os sons desordenados, barulhentos, naturais da cidade frenética, às vezes disso eu ouvia alguma música, mas tão dura e confusa... Eram preferíveis, então, os fones no ouvido. Aí a dança acontecia, numa certa magia, flutuava ainda mais. As Bachianas de Villa-Lobos... Ah! E quando não havia música, eu fazia música, cantava.
A grande subida era o meu desdobramento. Pés sobem e descem naquele esforço que levam o olhar até o céu. O meu caminho eu percorro e sei, logicamente, que a subida me levará a descida. O céu é toda descida. É o vento batendo no rosto, é o corpo em movimento pelo princípio flutuante. Esquecer, sentir, viajar entre paisagens e cores. Liberdade. A subida vale a descida.

1 commentaire:

Claudia a dit…

Vale, vale a descida sim.

Lindo texto, Nanda.